A picardia de João Gonçalves

Ao longo dos três anos de trabalho de “O fole roncou!”, uma das descobertas que mais nos entusiasmou foi perceber que alguns dos compositores que entrevistamos tinham na ponta da língua a história do nascimento de algumas de suas mais conhecidas criações.

O paraibano João Gonçalves, por exemplo, narrou tintim por tintim como teve a ideia de criar “Severina Xique-Xique” e o seu encontro com Genival Lacerda para mostrar a música – essa história você confere em “Todos conhecem Severina”, o capítulo 11 do livro.

Foi quase uma tarde inteira com João Gonçalves em sua casa, no Jardim Quarenta, em Campina Grande. Cercado pelas capas de seus discos e cópias de matérias publicadas em jornais, o autor de “Pescaria em Boqueirão” repassou, com rara franqueza, os altos e baixos de sua carreira – incluindo aí alguns dos episódios mais dramáticos do livro, quando Gonçalves foi censurado, teve discos queimados e foi proibido de cantar alguns de seus maiores sucessos na Paraíba (confira no capítulo “Ô Lapa de Tesoura!”).

Para quem não sabe, Gonçalves rendeu músicas menos conhecidas, mas igualmente mordazes, que mostram a capacidade do compositor de observar as mudanças do seu tempo e dos que estavam ao seu redor. É o caso de “Hipie (sic) de araque”, gravada no disco de estréia do cantor na gravadora Tapecar, para onde foi levado por Oséas Lopes, do Trio Mossoró. Confira, no vídeo, como nasceu a letra de “Hipie”, que fala de um colega do compositor que “não era hippie, não era nada”, usava “macacão com cheiro de gambá” e um cabelo “que parece um arapuá”:

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